"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

domingo, 15 de setembro de 2013

Democracia: fazer mais e melhor


Sebastião Ventura Pereira Da Paixão Jr


Passadas as comemorações da independência, é chegada a hora de refletirmos sobre temas políticos que nos são fundamentais e que merecem, por assim ser, um enfrentamento sério e uma definição precisa. Até mesmo porque de que vale ser independente se não se sabe o que é a liberdade?

E como compreender o conceito de liberdade com escolas públicas pobres e empobrecidas, com professores mal remunerados e com alunos pouco estimulados a desvendar os segredos do saber? Então, como falar de democracia perante uma nação que parece condenada ao vazio do desconhecimento e ao desvão da indigência cívica?

Sim, não há dúvida de que a Constituição garante o direito de voto, mas votar nem sempre significa democracia. Afinal, bastará uma ditadura permitir eleições com resultados previamente definidos para termos votações farsescas e participação política de fantasia. Ora, democracia é muito mais que voto.

Democracia é querer participar efetivamente das decisões políticas do país; é não temer o poder, ter liberdade de criticá-lo e propor novos caminhos; é não calar e enfrentar injustiças; é não se acovardar frente às dificuldades; é bater de frente com corruptos e corruptores; é ser firme para dizer não e ser generoso para falar sim; é compreender que liberdade e independência são prerrogativas pessoais que precisam do respeito à lei para se tornarem valores políticos absolutos; é exigir um governo responsável que cumpra diariamente o dever de falar a verdade e jamais transigir com a mentira.

Não há dúvida de que punir mensaleiros e quejandos é necessário e inadiável, pois impunidade não combina com decência. Mas é preciso ir além. Precisamos estabelecer um debate sobre os valores e princípios que nos formam, que constituem nossa dignidade política como nação e que nos legitimam como cidadãos. Gostamos muito de exclamar que somos uma democracia, quando, na verdade, confundimos democracia com direito de voto. É lógico que sem direito de voto não existe livre participação política, mas votar é apenas uma estação do ano democrático, uma primavera ou um verão da liberdade.

Portanto, para mudarmos esta rotina moralmente degenerada e eticamente pueril, precisaremos ser melhores cidadãos do que fomos até aqui. Precisaremos sair do comodismo de apenas criticar e começar a fazer, pois as situações não mudam por inércia nem por palavras jogadas ao vento.

Democracia é uma responsabilidade pessoal de luta pela liberdade individual com consciência política coletiva. Não é apenas um fazer por si, mas também pensar na família, nos amigos, na comunidade e em todos os brasileiros que precisam de um sério trabalho conjunto para ter o mínimo de dignidade e decência na indecifrável aventura do viver. Será, então, que podemos fazer mais e melhor?

Nenhum comentário:

Postar um comentário