"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

FHC x LULA


01/11/2009


Lula exerce "autoritarismo popular", com "decisões esdrúxulas", diz FHC em artigo


O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso assina um artigo veiculado neste domingo (1º), em diversos jornais de circulação nacional e local, por meio do qual faz duras críticas à gestão Lula, que seria o responsável pela “enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas”. Segundo FHC, Lula exerce um “autoritarismo popular” velado, com a anuência de uma sociedade satisfeita por um contexto de avanços.


“Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo ‘Brasil-potência’. (...) Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites. Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo”, disserta o tucano.


Intitulado “Para onde vamos?”, o texto inicia a argumentação mencionando a suposta acomodação da opinião pública diante de um governo com alguns êxitos, e de um presidente com elevada aceitação popular e tido como um dos expoentes da nova ordem mundial. “(...) alguns estão de tal modo inebriados com ‘o maior espetáculo da Terra’, de riqueza fácil que beneficia a poucos”.


O ex-presidente desfila sua erudição de sociólogo formado na francesa Sorbonne e faz analogias a obras literárias como O príncipe, de Nicolau Maquiavel, e à famosa frase atribuída a Luís XIV de Bourbon, ‘L’État c’est moi’, na qual o monarca absolutista da França demonstra como encarava seu reinado. É quando FHC faz referência à “mal ajambrada” reforma na legislação do petróleo, um dos “pequenos assassinatos” supostamente perpetrados por Lula e “engolidos sem tempo para respirar” pelo Congresso Nacional.


“Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares se o processo de seleção não terminou? (...) Pouco a pouco, por trás do que podem parecer gestos isolados e nem tão graves assim, o DNA do ‘autoritarismo popular’ vai minando o espírito da democracia constitucional”, diz FHC, citando episódios e ações de governo em nível nacional e internacional, como a relação com o presidente iraniano Ahmadinejah e às recentes rusgas em torno da gestão da Vale, maior empresa privada do país.


“(...) o presidente já declarou que em matéria de objetivos estratégicos (como a compra dos caças) ele resolve sozinho. Pena que estivesse esquecido de acrescentar ‘L’État c’est moi’. Mas não se esqueceram de dar as razões que o levaram a tal decisão estratégica: viu que havia piratas na Somália e, portanto, precisamos aviões de caça para defender ‘nosso pré-sal’. Está bem, tudo muito lógico”, arremata o tucano, retomando o título do artigo ao encerrá-lo.


“Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo dar um basta ao continuísmo antes que seja tarde.”

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