"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Cara é o Brasileiro


O brasileiro acredita que será a pessoa mais feliz do mundo, daqui a cinco anos: de 0 a 10, vai ser 8,78, maior nota atribuída por pessoas de 132 países considerados numa pesquisa mundial, citada pela FGV em seu mais recente trabalho sobre a classe média, divulgado nesta segunda, 21 de setembro.


Na verdade, empataram com o brasileiro os habitantes da Dinamarca, da Irlanda e da Jamaica, o país de Usain Bolt, lembra o titular do estudo, Marcelo Cortes Neri. O brasileiro vai estar melhor que seu país, segundo a mesma pesquisa: daqui a cinco anos, a nota do Brasil vai ser 6,7 e, aí, perdemos da Irlanda (8,14).


A pergunta de Neri: como pode um país ser o melhor para cada indivíduo e não ser bom para todos os seus habitantes? Essa dissonância é explicada por Neri à moda de La Fontaine: "somos mais cigarras que formigas; sempre esperamos um futuro melhor. Mas, ao contrário das formigas, não somos os melhores seres para viver em coletividade. As altas e históricas taxas tupiniquins de inflação, desigualdade e criminalidade refletem essa característica", explica o economista, que dá "uma boa notícia: estamos melhorado.


Mas, tal como na fábula, não nos preparamos para o futuro". A renda do trabalho explica apenas 67% da queda da desigualdade nos últimos sete anos, o Bolsa Família garante 17%, a renda de previdência, 15% e as transferências privadas, 1%.Estamos melhorando, pelo sim pelo não.


Com dados da mais nova Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad, do IBGE veja em www.ibge.gov.br), a FGV e Neri calculam ter o consumidor brasileiro crescido, em número, em quase 20% entre 2003 e 2008 e, com isso, cerca de 32 milhões de brasileiros passaram a fazer parte do mercado consumidor nacional. Está aí a boa notícia: no ano passado, com crise e tudo, a classe C perdeu 1,5 milhão de pessoas, que subiram para as classes AB.


A classe C ganhou nada menos de 5,3 milhões de pessoas, das quais 900 mil resgatadas da classe D, a pobre, e 3,8 milhões da classe E, a miserável. Outra notícia, senão boa, pelo menos, menos ruim: agora quase metade da população brasileira (49,2% ou 97,1 milhões de brasileiros) é da classe média, a C (renda de R$ 1,1 mil a R$ 4,8 mil/mês).


A classe alta (AB, renda acima de R$ 4,8 mil) soma 10,4% do total ou 9,4 milhões de pessoas. A pobreza caiu em 43,04%, ou o equivalente a 19,4 milhões de brasileiros resgatados. Na miséria, ainda estão 29,9 milhões de pessoas. A divisão de classes segundo a renda espanta muitas pessoas - para quem não se pode ser classe média com renda de R$ 1,1 mil mensais. Neri entra no assunto discutindo o que se chama hiato de renda, ou quanta renda falta para uma família viver ou sobreviver.


No estudo da FGV, calcula-se que, no ano passado, "o déficit médio expresso em termos monetários de cada brasileiro miserável seria de R$ 56,29 mensais." Façam as contas, senhores. Diz mais a FGV: calculando o custo da erradicação da miséria em 2008, seriam necessários R$ 9,01 em média por pessoa para aliviar totalmente a pobreza no Brasil. Ou seja, R$ 1,7 bi mensais. (21/09/2009)


por: Joelmir Beting

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